domingo, 11 de maio de 2014

A evolução do trabalho no decorrer dos séculos



                                                  Por Matheus Henrique Marques
                                          
O trabalho pode ser definido como qualquer atividade física ou intelectual, realizada por um ser humano, que tenha o objetivo de fazer, transformar ou obter algo. Sua história é muito dramática de ser estudada. Trabalhar sempre fez parte da história da humanidade e desde os primórdios ele se relacionou com o ser humano de diferentes formas. Pelo fato de ser antiga e muito abrangente a história do trabalho é abordada pelos mais diversos aspectos como: a escravidão, a evolução do trabalho, a industrialização, o assalariamento, entre muitos outros.

A origem da palavra trabalho deixa evidente o conceito que a mesma possuía em seu surgimento. Originada da palavra em latim tripalium, que remetia a um instrumento de três paus que era usado para torturar réus e segurar cavalos por ocasião de ferrar. Trabalhar representava punição e submissão, onde os trabalhadores eram perdedores.

É através da Reforma Protestante que o trabalho assume uma real importância e contribui para outra objetividade manifestada no trabalho. O teórico Max Weber, em sua obra ‘A ética protestante e o espírito do capitalismo’, foi quem melhor escreveu sobre o impacto das reformas protestantes, na valorização religiosa do trabalho.
O trabalho, desde o seu surgimento até então, possuía dois valores diferentes. Ele era tanto indispensável para a reprodução biológica e social, quanto também era indesejável. Essa visão dupla de trabalho é encontrada na cultura judaico-cristã que, mesmo estando na origem de mudanças no que remete ao trabalho, ainda não o ressalta como possibilidade de manifestação de um lugar social, uma vez que ela valoriza o trabalho feito manualmente.

Martin Lutero e a Reforma Protestante
Somente em Lutero, há a possibilidade de superação da ambivalência do trabalho no mundo religioso. Nos estudos de Lutero, a igualdade entre os dois modos de vida não são opostas.  Lutero acentua mais o aspecto da vocação do que o do trabalho propriamente dito. Porém, é em Calvino que o trabalho assume um caráter mais radical de valorização, passando a se tornar um dever. 

Para Calvino, o trabalho deve formar uma muralha contra a preguiça, e que todos devem trabalhar, e quem não o faz, não deve comer, pois trabalho é um dever. Aqui, o trabalho não é menosprezado no sentido de condição miserável, como eram os escravos, mas como condição para a salvação de todos. A subjetividade manifestada nessa condição de trabalho é uma subjetividade resignada. Os que trabalham carregam um sentido de vida, mas é antes de tudo uma predestinação, não há uma alternativa.

João Calvino

Esse tipo de interpretação, vinculada ao trabalho, transita para outra subjetividade, dessa vez mais afirmativa, que permite um sentido mais significante para a vida de quem trabalha. Isso acontece com a passagem da interpretação do trabalho não mais como condenação, mas como possibilidade de exaltação à obra criadora de Deus. Agora o trabalho se faz como chance de alcançar a glória Dele e a vida passa a ser vista como possibilidade de servi-lo.

O trabalho passa a ser valorizado devido à influência dos novos pensamentos religiosos, porém o trabalhador ainda não. As formas de trabalho variam conforme o momento histórico. Porém foi a revolução industrial, que propiciou o principal marco na história do trabalho. Produzir a qualquer custo é o objetivo dos empresários dessa época. O avanço tecnológico reduziu a necessidade de trabalhadores especializados. Ao mesmo tempo uma grande massa deixava os campos para buscar oportunidades na cidade. Sem a necessidade de escolher trabalhadores com habilidades específicas e com o grande contingente de pessoas buscando trabalho, os empresários não davam valor a seus empregados, era muito fácil substitui-los.


 A situação nas indústrias que surgiam não era fácil para os operários. Os salários eram baixos, a jornada de trabalho podia alcançar ate 16 horas por dia e não havia direito a férias. As fábricas eram imundas e barulhentas. E predominava o autoritarismo na relação patrão e operário. Com todas essas condições precárias, é evidente que a consequência seria a pobreza.
 Os patrões preferiam o trabalho das mulheres e, principalmente, das crianças, que recebiam pagamento menor pelo mesmo serviço de um homem adulto, uma vez que o trabalho não exigia mais do operário a força física.

 


  Os trabalhadores logo perceberam a necessidade de se unir e lutar por seus direitos. Assim, o começo da Revolução Industrial representou também o início das lutas operárias. Por meio dessas lutas, os operários formavam a consciência de que pertenciam a uma mesma classe social: o proletariado.

Diante desse contexto surge nos Estados Unidos a escola humanística, com o intuito de responder às necessidades de humanizar e democratizar a empresa. O avanço da psicologia e da sociologia e a aplicação dessas ciências no ambiente de trabalho fazem surgir uma nova perspectiva acerca do comportamento humano e suas motivações.

Elton Mayo
A escola humanística comprova a importância dos fatores psicológicos no desempenho das tarefas. Conclui-se que a capacidade física não é o único fator que determina o nível de produção de um funcionário, fatores psicológicos e as expectativas são determinantes para o rendimento dos mesmos. De acordo com Elton Mayo, um dos pensadores dessa escola, o dinheiro não é a principal motivação para o desempenho dos operários. As pessoas trabalham para se sentir reconhecidos, para serem aprovados e se sentirem inseridos em grupos sociais.

Com o avanço das escolas da administração, foi percebido que o trabalhador precisava se sentir valorizado para assim produzir mais. Com o passar do tempo surgem leis que regulamentam a relação entre o trabalhador e o empregador.  Atualmente, praticamente todos os trabalhadores, possuem benefícios e leis trabalhistas que definem os direitos e deveres dos empregados. Existem os sindicatos que defendem a classe dos trabalhadores, e há também uma legislação específica conforme consta na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

            Atualmente existem empresas que investem grandes quantidades de dinheiro, para criar um ambiente acolhedor e descontraído para seus funcionários acreditando que o bem estar e o se sentir bem são a chave para que seus trabalhadores sejam criativos e produtivos. Um grande exemplo é a Google, que é a tricampeã no prêmio de Melhores Empresas para Trabalhar em TI & Telecom de 2012.



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3 comentários:

  1. Muito legal a forma com que abordaram a evolução do trabalho.
    Quem sabe daqui uns anos mais empresas se espelhem na Google, que realmente é diferenciada na forma de trabalho.

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  2. Muito interessante este texto, gostei da forma como abordaram a passagem! Vemos que o trabalho tem sido valorizado dessa época até os dias de hoje, mas ainda há muito a ser repensado, como essa desigualdade de salários citada no texto, ela ainda existe atualmente e deve ser banida! Parabéns!

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  3. Muito bom o texto! Me faz pensar no futuro, quais as próximas mudanças que ocorreram com o trabalho!

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