Por Matheus Henrique Marques
Citando brevemente, a burocracia é
responsável por evitar confrontos, a arbitrariedade e os abusos de poder na
sociedade. Ela tem o objetivo de orientar o comportamento dos trabalhadores
para que as organizações cumpram seus fins, evitando acidentes e desperdício de
tempo. Ela dita o que, quando e como cada tarefa deve ser executada.
A modernização passa a acontecer
quando as sociedades deixam para traz os costumes herdados da era feudal, onde
a igreja, os nobres e os reis ditavam o modo de agir e passam a aplicar a
racionalidade na economia industrial, influenciados pelos fundamentos das
organizações burocráticas.
O declínio do sistema feudal
possibilitou o acumulo de capital, um dos principais fatores que possibilitou a
emergência da sociedade industrial. Aliados a esse acumulo de dinheiro, o
aumento das trocas e venda de produtos no fim do período medieval, o sistema de
produção manufatureiro, a inflação que assolou os séculos XVIII e XIX e o
cercamento dos campos, foram decisivos para o surgimento do regime econômico
capitalista.
Sistema feudal |
Acumulação primitiva de capital |
Feito o resumo
do surgimento das primeiras indústrias, avançaremos alguns anos no tempo para
discutir o surgimento da escola clássica da administração. Em busca de uma
maior produtividade, surgiram várias práticas de gestão transformando a
administração em uma ciência. Os avanços tecnológicos proporcionados pelas
revoluções industriais possibilitaram o surgimento de novas indústrias e fizeram
com que gradativamente os trabalhadores fossem substituídos por maquinas. Esses
fatores fortaleceram a busca cientifica por melhores práticas empresariais e
para o surgimento da administração como ciência, pois na história sempre
existiram formas de administrar, mesmo que de formas rudimentares.
A partir do
século XX foram criados os primeiros trabalhos sobre a Teoria da Administração.
Um dos precursores foi Frederick Taylor, que desenvolveu a Escola da
Administração Cientifica, na qual propôs a divisão de funções do trabalhador
com o objetivo de controlar o tempo gasto em cada atividade, a fim de reduzir o
tempo de execução de todas as tarefas. Assim, nesse período desenvolveu uma
filosofia de incentivo, na qual o trabalhador que produzisse mais, em menos
tempo, seria premiado.
Neste período, os trabalhadores eram
substituídos mais facilmente, pois o seu trabalho não necessitava de
experiência e nem de especialização, uma vez que seu trabalho era simplificado.
Assim, com este trabalho simplificado, o investimento em treinamento e formação
era precário, e as demissões, pelo mesmo motivo, aconteciam mais facilmente.
Em um primeiro
momento, a Teoria da Administração Científica de Taylor enfatiza a
racionalização do trabalho, e em um segundo momento, a sua teoria estendeu-se
aos princípios da administração para toda a organização, a fim de eliminar o
desperdício, a inatividade dos trabalhadores, reduzirem o custo de produção,
entre outros. Para motivar os trabalhadores a colaborarem com a organização, a
única consideração vista, foi usar de planos de incentivos salariais, já que o
homem nessa época era visto como “homem econômico” (Homo economicus), ou seja, que trabalhava apenas pela sua
necessidade financeira.
Dentre todas as
limitações da Administração Cientifica, foi este o primeiro passo na busca de
uma teoria administrativa. Mas enquanto Taylor, e outros engenheiros americanos
desenvolviam a Administração Cientifica nos Estados Unidos, surgia em 1916, na
França, a chamada Teoria Clássica da Administração, defendida por Henri Fayol.
Enquanto a
Administração Cientifica se caracterizava pela realização das tarefas pelos
trabalhadores, a Teoria Clássica se caracterizava por toda estrutura que a
organização deveria ter para se tornar eficiente. Pode-se observar que ambas as
teorias enfatizavam a eficiência da organização. Porém, segundo a Administração
Cientifica a efetividade em um processo só pode ser atingida através da
racionalização do trabalho, enquanto que na Teoria Clássica, para se obter
eficiência, é necessário o envolvimento de toda a organização.
Fayol cita 14 princípios, são eles:
divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade, unidade de comando, unidade
de direção, disciplina, prevalência dos interesses gerais, remuneração,
centralização, hierarquia, ordem, estabilidade dos funcionários, iniciativa e
espírito de corpo.
Esses princípios regem que quanto
maior a especialização dos funcionários maior a produtividade. Logo, cada
funcionário deve ser responsável por uma parte da produção, onde o foco deve
ser a gerência administrativa da empresa. Fayol propõe a autoridade que cada
nível hierárquico da empresa deve ter em mãos e que os funcionários de um mesmo
grupo devem se reportar a um único superior, para que desse modo a unidade seja
garantida.
Fayol afirma que
para os trabalhadores deve haver disciplina e ordem, pois sem aquela não há
organização e quanto a esta, cada trabalhador deve possuir seu devido lugar com
a sua devida função. O trabalhador deve se manter estável e seu salário deve ser
de acordo com suas necessidades para garantir a sua satisfação.
Fayol ainda classifica
as funções básicas de um administrador como sendo: Planejar, ou seja,
estabelecer quais são os objetivos e como eles serão alcançados; Comandar, que
é dirigir e orientar a organização; Organizar, que foca na utilização de todos
os recursos da empresa pra atingir o objetivo; Controlar, que envolve a verificação
da utilização das normas e regras estabelecidas; e por fim, Coordenar, que é o
departamento pessoal, unindo e harmonizando os atos e esforços coletivos.
Linha de produção do Ford Model T |
Em 1914 o
empresário Henry Ford, criou o termo Fordismo, se referindo ao sistema de
produção em massa, conhecido também como “Linha de Produção” que ele mesmo idealizou
um ano antes. Fundador da Ford Motor Company, Ford implantou em sua organização
uma nova forma de racionalizar a produção capitalista tomando como base o
surgimento de novas técnicas articuladas pela produção e consumo em massa.
Influenciado
pelos princípios de padronização e simplificação de Taylor, Ford desenvolveu
varias técnicas avançadas para seu tempo. Ele revolucionou a indústria
automobilística, ao implantar em sua fabrica a primeira linha de montagem
automatizada. Sua produção era totalmente verticalizada e possuía desde
fábricas de vidro até siderúrgicas. No que tange a fábrica de automóveis, seu
objetivo era tornar o carro tão barato que todos poderiam comprá-lo.
O sistema criado
por Ford aperfeiçoou a linha de montagem. Os carros eram montados em esteiras
móveis, permitindo que os funcionários ficassem quase que completamente imóveis
enquanto as peças para a montagem dos veículos chegavam a eles, diminuindo
assim o deslocamento desnecessário de seus funcionários e aumentando a
produtividade dos mesmos.
Seguindo as
influências de Taylor, nas fabricas de Ford cada funcionário era responsável
por um pequeno processo da produção, diminuindo a necessidade de qualificação
dos trabalhadores.
Grandes empresas ainda adotam a linha de produção na atualidade. |
Por meio dessa
pequena passagem pela Escola Clássica da Administração, fica evidente a grande
influência que os autores da época exercem nos dias de hoje. A base do modelo
atual das organizações está contida nas publicações de Taylor, Fayol, Ford e
outros clássicos. É evidente que a administração evolui em passos largos,
outras Escolas surgiram, técnicas para administrar organizações foram sendo
desenvolvidas e muito da Teoria Clássica da Administração foi criticado,
aperfeiçoado e algumas vezes substituído, porém a Escola Clássica da Administração
transcende as organizações e ainda exerce grande influencia. Seria muito
petulante de nossa parte, dizer que as Escolas de administração são antagônicas
acreditamos sim em diferenças, mas preferimos defender a ideia de complementariedade
entre elas.
Parabéns à todos por essa reflexão... Mesmo com passar de muitos anos, as ideias de Taylor, Ford e Fayol continuam mais vivas do que nunca!!!
ResponderExcluirPessoal, Parabéns pelo trabalho.
ResponderExcluirGostei muito, principalmente sobre a questão de que as Escolas de Administração são complementares, assim chegamos a evolução, a tese e a antítese!
ResponderExcluirÉ verdade de que este trabalho foi bem reflectido e acredito que com essa materia fico ainda mais esclarecido acerca dos clássicos da administração.
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