segunda-feira, 12 de maio de 2014

Vestígios de uma “profetisa”

Por Alessandra Teixeira

Mary Parker Follet
Nascida na cidade estadunidense “Quincy” em 1868, Mary Parker Follet foi quem contribuiu para que a administração tomasse novos rumos. Era formada em economia, administração pública, direito e filosofia. Além disso, Mary atuava como educadora e organizadora de serviços sociais, motivo pelo qual entrou em contato com o meio administrativo e começou a se atrair pelos problemas técnicos desta área, que na época, ganhavam destaque em Boston.

Infelizmente, sua contribuição foi valorizada e enfatizada anos depois da época em que havia exposto suas ideias. Sendo que ainda hoje essa “profetisa” é desconhecida por grande parte da população. O grande destaque em relação às ideias dessa pensadora é o fato de essas poderem ser consideradas futuristas se comparadas à época em que foram publicadas, pois contribuiu para dar uma nova forma a administração tradicional. Princípios que até hoje são utilizados pela administração pública e perduram até os dias atuais.

Essa admirável mulher construiu diversos conceitos administrativos, como por exemplo, o pensamento de trabalho em equipe, compreendido como uma nova forma de relacionamento entre os grupos existentes. E vale ressaltar que esse conceito não é exclusivo do âmbito empresarial, mas pode ser empregado no mundo para resolução das guerras e conflitos do cotidiano, a partir do momento em que deixarmos preconceitos e diferenças de lado para nos unirmos, formando um só corpo.

Trabalho em equipe
Os estudos de Mary Parker levaram em consideração as relações humanas dentro de uma organização, introduzindo a psicologia em seus estudos, iniciando assim um novo ramo da área. Ela mostrou que a integração das pessoas começa a partir do momento em que percebemos que suas ações não podem ser mapeadas como uma máquina e conceituadas com exatidão. Isso fez com que deixasse de lado a concepção de que o indivíduo age somente individualmente, algo que pode ser confirmado nas seguintes citações da autora: “a verdade individual é a verdade do grupo” e também “o homem não pode ter direitos fora da sociedade ou independente da sociedade ou contra a sociedade”.
Além disso, Mary complementa conceitos da Escola Clássica, afirmando que há ensinamentos gerais para qualquer organização existente. E mostra a tamanha importância da coordenação no processo administrativo pelo fato de denominar essa etapa como o “cérebro da administração”. Salienta isto com a criação de quatro princípios: princípio pelo contato direto, princípio do processo de planejamento, princípio das relações recíprocas e princípio do processo contínuo de coordenação, os quais serão descritos logo abaixo.
O princípio pelo contato direto explica que deve se restringir o contato direto entre as pessoas interessadas. Já o princípio do processo de planejamento afirma que desde o início do processo as pessoas que realizam o trabalho devem estar envolvidas. Enquanto o princípio das relações recíprocas fala que os elementos do grupo que estão relacionados têm influência mútua. E por fim, o princípio do processo contínuo de coordenação diz que esta não possui limitações, é contínuo.

Líder x Chefe
Um fator marcante que Follet defendeu ficou conhecido como lei da situação, o qual se fundamentou em frases como “O verdadeiro líder não tem seguidores, mas pessoas trabalhando com ele”, “uma pessoa não deve dar ordens à outra pessoa, mas ambas devem concordar em receber ordens da situação”. Com isso, pode-se afirmar que a situação se torna o fator determinante para governar, uma vez que é essencial o fato de uma pessoa ter a iniciativa da tomada de decisão para contribuir de forma positiva com a organização, independente do cargo em que essa ocupa.

Ainda evidenciando os pensamentos da estudiosa, temos que a liderança seria baseada na influência que o líder tem sobre seu grupo e por isso deve deixar às margens seu poder pessoal para dar ênfase à consonância do grupo. O problema é que a competição entre grupos é um fato que permeia essa situação. Ademais, a tecnologia moderna é outro aspecto que age de forma negativa também sobre a prática da liderança. No entanto, Mary se equivocou ao afirmar que a cooperação tomaria o lugar da competição dando fim a essa discussão, pensamento que originou uma das críticas feitas à sua teoria.

Follet cita também um fator que ficou conhecido como circularidade, dizendo que o relacionamento entre as pessoas influencia diretamente em sua opinião. Ao interagirem, podem corromper a forma como veem a situação e ao entrar em contato com outra pessoa expõe sua nova percepção assimilada do contato anterior e assim sucessivamente como um círculo vicioso. Por isso, a forma como as pessoas percebem as coisas à sua volta estão em constante mudança e a influência entre os seres humanos nessa questão é recíproca.

Passando por outros conceitos da autora, Mary Parker Follet com a intenção de resolver a questão de conflitos internos dentro de uma organização, explica que eles podem ser percebidos tanto a priori (conflito construtivo), quanto a posteriori (conflito danoso) e existem três formas de solução. Afirmava que chegaria um momento em que as diferenças iriam aparecer seja de modo negativo ou positivo, então a melhor opção para se obter neutralidade era fazer com que essa consequência se torne construtiva e não destrutiva.

A primeira alternativa seria através da dominação em que um lado iria ceder para que atenda as necessidades do outro lado, cessando o conflito. A segunda opção se baseia praticamente em um acordo entre ambos os lados, esses teriam que ceder para que os dois saiam satisfeitos ao final do conflito, o que é a uma resolução mais frágil por manter o equilíbrio e não favorecer somente uma parte. Esse tipo de solução é denominado de conciliação. Já a última alternativa, que para Follet seria a ideal, se baseia na solução a partir da integração das partes, visto que ninguém sairia com prejuízo, pois o objetivo era atender ambos os lados.

Chegando a reta final do pensamento da norte – americana Mary, é importante ressaltarmos que a Escola das Relações Humanas mais tarde utilizou a sua linha de raciocínio com a finalidade de “aumentar a lucratividade por meio da diminuição dos custos causados por conflitos internos da empresa”. Follet foi resgatada alguns anos após a publicação de seus pensamentos, porque na época em que expôs sua teoria, esta defendia certos valores que batiam de frente com padrões administrativos dos anos 20.

Concluído o discurso de Mary, podemos afirmar que a “profetisa” abriu um novo leque de possibilidades a se repensar sobre coordenação da administração. Foi a primeira a defender a questão do trabalho em grupo e entender como eles interagem, dando importância aos fatores pessoais, os quais influenciavam diretamente no comportamento humano. Além disso, criou um novo aspecto em relação à liderança, fazendo com que seu conceito se tornasse universal. É umas das mulheres que marcaram a história administrativa e que deve ser ressaltada sempre que nos referirmos às teorias da administração pública e à Escola das Relações Humanas. Está aí um exemplo de uma mulher que fez seu nome virar uma referência: Mary Parker Follet.


Um pouco mais sobre Mary Parker Follet, veja: 




3 comentários:

  1. Legal a iniciativa de falar sobre a Mary Parker Follet... uma forma que conhecermos mais sobre esta mulher que foi tão importante, porém não reconhecida como deveria. Parabéns ao grupo!!

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  2. Parabéns Alessandra, o texto ficou muito rico, e adorei entender sobre a lei da situação, muito interessante! Sucesso para o grupo!

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  3. Muito legal o texto! Interessante ver uma mulher tão importante para as teorias da administração, dentre tantos homens!! Texto muito claro e legal de ler. Parabéns grupo!!

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