Por Alessandra Teixeira
Mary Parker Follet |
Nascida
na cidade estadunidense “Quincy” em 1868, Mary Parker Follet foi quem
contribuiu para que a administração tomasse novos rumos.
Era formada em economia, administração pública, direito e filosofia. Além disso,
Mary atuava como educadora e organizadora de serviços sociais, motivo pelo qual
entrou em contato com o meio administrativo e começou a se atrair pelos
problemas técnicos desta área, que na época, ganhavam destaque em Boston.
Infelizmente,
sua contribuição foi valorizada e enfatizada anos depois da época em que havia
exposto suas ideias. Sendo que ainda hoje essa
“profetisa” é desconhecida por grande parte da população. O grande
destaque em relação às ideias dessa pensadora é o fato de essas poderem ser
consideradas futuristas se comparadas à época em que foram publicadas, pois
contribuiu para dar uma nova forma a administração tradicional. Princípios que
até hoje são utilizados pela administração pública e perduram até os dias
atuais.
Essa
admirável mulher construiu diversos conceitos administrativos, como por
exemplo, o pensamento de trabalho em equipe, compreendido como uma nova forma
de relacionamento entre os grupos existentes. E vale ressaltar que esse
conceito não é exclusivo do âmbito empresarial, mas pode ser empregado no mundo
para resolução das guerras e conflitos do cotidiano, a partir do momento em que
deixarmos preconceitos e diferenças de lado para nos unirmos, formando um só
corpo.
Trabalho em equipe |
Os
estudos de Mary Parker levaram em consideração as relações humanas dentro de
uma organização, introduzindo a psicologia em seus estudos, iniciando assim um
novo ramo da área. Ela mostrou que a integração das pessoas começa a partir do
momento em que percebemos que suas ações não podem ser mapeadas como uma máquina
e conceituadas com exatidão. Isso fez com que deixasse de lado a concepção de
que o indivíduo age somente individualmente, algo que pode ser confirmado nas
seguintes citações da autora: “a verdade individual é a verdade do grupo” e
também “o homem não pode ter direitos fora da sociedade ou independente da
sociedade ou contra a sociedade”.
Além
disso, Mary complementa conceitos da Escola Clássica, afirmando que há
ensinamentos gerais para qualquer organização existente. E mostra a tamanha
importância da coordenação no processo administrativo pelo fato de denominar
essa etapa como o “cérebro da administração”. Salienta isto com a criação de
quatro princípios: princípio pelo contato direto, princípio do processo de
planejamento, princípio das relações recíprocas e princípio do processo
contínuo de coordenação, os quais serão descritos logo abaixo.
O
princípio pelo contato direto explica que deve se restringir o contato direto
entre as pessoas interessadas. Já o princípio do processo de planejamento afirma
que desde o início do processo as pessoas que realizam o trabalho devem estar
envolvidas. Enquanto o princípio das relações recíprocas fala que os elementos
do grupo que estão relacionados têm influência mútua. E por fim, o princípio do
processo contínuo de coordenação diz que esta não possui limitações, é
contínuo.
Líder x Chefe |
Um
fator marcante que Follet defendeu ficou conhecido como lei da situação, o qual
se fundamentou em frases como “O verdadeiro líder não tem seguidores, mas
pessoas trabalhando com ele”, “uma pessoa não deve dar ordens à outra pessoa,
mas ambas devem concordar em receber ordens da situação”. Com isso, pode-se
afirmar que a situação se torna o fator determinante para governar, uma vez que
é essencial o fato de uma pessoa ter a iniciativa da tomada de decisão para
contribuir de forma positiva com a organização, independente do cargo em que
essa ocupa.
Ainda
evidenciando os pensamentos da estudiosa, temos que a liderança seria baseada
na influência que o líder tem sobre seu grupo e por isso deve deixar às margens
seu poder pessoal para dar ênfase à consonância do grupo. O problema é que a
competição entre grupos é um fato que permeia essa situação. Ademais, a
tecnologia moderna é outro aspecto que age de forma negativa também sobre a
prática da liderança. No entanto, Mary se equivocou ao afirmar que a cooperação
tomaria o lugar da competição dando fim a essa discussão, pensamento que
originou uma das críticas feitas à sua teoria.
Follet
cita também um fator que ficou conhecido como circularidade, dizendo que o
relacionamento entre as pessoas influencia diretamente em sua opinião. Ao
interagirem, podem corromper a forma como veem a situação e ao entrar em
contato com outra pessoa expõe sua nova percepção assimilada do contato
anterior e assim sucessivamente como um círculo vicioso. Por isso, a forma como
as pessoas percebem as coisas à sua volta estão em constante mudança e a influência
entre os seres humanos nessa questão é recíproca.
Passando
por outros conceitos da autora, Mary Parker Follet com a intenção de resolver a
questão de conflitos internos dentro de uma organização, explica que eles podem
ser percebidos tanto a priori (conflito construtivo), quanto a posteriori (conflito
danoso) e existem três formas de solução. Afirmava que chegaria um momento em
que as diferenças iriam aparecer seja de modo negativo ou positivo, então a
melhor opção para se obter neutralidade era fazer com que essa consequência se
torne construtiva e não destrutiva.
A
primeira alternativa seria através da dominação em que um lado iria ceder para
que atenda as necessidades do outro lado, cessando o conflito. A segunda opção
se baseia praticamente em um acordo entre ambos os lados, esses teriam que
ceder para que os dois saiam satisfeitos ao final do conflito, o que é a uma
resolução mais frágil por manter o equilíbrio e não favorecer somente uma
parte. Esse tipo de solução é denominado de conciliação. Já a última
alternativa, que para Follet seria a ideal, se baseia na solução a partir da integração
das partes, visto que ninguém sairia com prejuízo, pois o objetivo era atender ambos
os lados.
Chegando
a reta final do pensamento da norte – americana Mary, é importante ressaltarmos
que a Escola das Relações Humanas mais tarde utilizou a sua linha de raciocínio
com a finalidade de “aumentar a lucratividade por meio da diminuição dos custos
causados por conflitos internos da empresa”. Follet foi resgatada alguns anos
após a publicação de seus pensamentos, porque na época em que expôs sua teoria,
esta defendia certos valores que batiam de frente com padrões administrativos
dos anos 20.
Concluído
o discurso de Mary, podemos afirmar que a “profetisa” abriu um novo leque de
possibilidades a se repensar sobre coordenação da administração. Foi a primeira
a defender a questão do trabalho em grupo e entender como eles interagem, dando
importância aos fatores pessoais, os quais influenciavam diretamente no
comportamento humano. Além disso, criou um novo aspecto em relação à liderança,
fazendo com que seu conceito se tornasse universal. É umas das mulheres que
marcaram a história administrativa e que deve ser ressaltada sempre que nos
referirmos às teorias da administração pública e à Escola das Relações Humanas.
Está aí um exemplo de uma mulher que fez seu nome virar uma referência: Mary
Parker Follet.
Um pouco mais sobre Mary Parker Follet, veja:
Legal a iniciativa de falar sobre a Mary Parker Follet... uma forma que conhecermos mais sobre esta mulher que foi tão importante, porém não reconhecida como deveria. Parabéns ao grupo!!
ResponderExcluirParabéns Alessandra, o texto ficou muito rico, e adorei entender sobre a lei da situação, muito interessante! Sucesso para o grupo!
ResponderExcluirMuito legal o texto! Interessante ver uma mulher tão importante para as teorias da administração, dentre tantos homens!! Texto muito claro e legal de ler. Parabéns grupo!!
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