segunda-feira, 7 de julho de 2014

A aplicação da Racionalidade nas Organizações

Por Matheus Oliveira

Na atualidade, o ambiente corporativo vem sofrendo algumas mudanças na gestão dos recursos e pessoas, porém deve-se lembrar de que algumas práticas ainda permanecem as mesmas, isto é, mesmo havendo certa modernização na forma de gerir, as empresas ainda não conseguiram abrir mão de determinadas diretrizes que têm um enfoque muito maior na busca por produtividade e rentabilidade em detrimento à preocupação com as relações humanas de seus funcionários.

As práticas adotadas pelas organizações, com o intuito de atingir a lucratividade e alavancar a produção, são inúmeras como, por exemplo, a elaboração, definição e adoção de processos produtivos padronizados que buscam uma maior eficiência. Mesmo assim, muitas empresas procuram vender a imagem que são menos verticalizadas e que seus funcionários participam ativamente das decisões, no entanto sabemos que essa prática é mais uma tática organizacional, ou seja, não existe preocupação com o funcionário em si, a busca ainda é pelo atingimento dos objetivos da empresa e tal participação nas decisões não existe de fato.
Para explicar um pouco do que acontece no cotidiano das organizações é preciso entender, antes, dois conceitos básicos que são notados nas práticas organizacionais, trata-se da Racionalidade Instrumental e Racionalidade Substantiva. Esta é ligada a fatores importantes para os indivíduos, como por exemplo, a autorrealização, o julgamento ético, a autonomia, entre outros fatores. Aquela, em linhas gerais, pode ser definida como todo o conjunto de práticas adotadas pela organização que focam apenas em produtividade e rentabilidade, representada por uma rígida hierarquia, pela busca da maximização de recursos da empresa, pelo utilitarismo e pelo foco no desempenho.

Diante disso, nota-se claramente que as organizações são sistemas em que há predominância da Racionalidade Instrumental, o que significa dizer que os gestores, normalmente, estão muito mais preocupados com os objetivos organizacionais no que diz respeito à busca por produtividade que acabam deixando em segundo ou terceiro plano a autorrealização e outros fatores comportamentais de seus funcionários, mesmo sabendo que as relações humanas são importantes.
O que se tem, em praticamente todas as áreas da empresa, é um trabalho focado em metas individuais ou coletivas que estão sempre aliadas com a busca por otimização dos processos e do tempo, além da redução dos custos. Embora as hierarquias tenham se tornado menores não significa dizer que tenham se tornado menos burocráticas. As relações de poder ainda são muito fortes e presentes no ambiente de trabalho, grupos informais existem como em qualquer outro lugar e as decisões, contrariando a proposta de Weber, não são tão impessoais como deveriam ser.

A maioria das pessoas não se sente valorizada e percebe que seus interesses vão, muitas vezes, em desencontro com os que a organização tem para elas. Além disso, os funcionários se sentem pressionados a cumprir tarefas rotineiras em um uma quantidade de tempo irreal, fazendo com que eles, normalmente não suportem tamanha pressão e venham a desenvolver problemas ocupacionais. Isso é mais uma característica de empresas que aplicam fortemente a racionalidade instrumental.
Em suma, os fatores humanos têm sido deixados de lado pelos gestores que ainda continuam com uma visão nos aspectos estruturais internos da organização. De qualquer forma, não se pode negar que houve um avanço nesse sentido, se comparado com décadas atrás. Exemplo disso é a existência de áreas de departamento humano e organizacional, como o RH. Sabe-se que os indivíduos possuem objetivos e interesses distintos um dos outros e que para um bom desempenho no emprego, as organizações precisam levar isso em consideração.
Na busca de atender os diferentes interesses dos funcionários, as empresas usam fatores motivacionais para dominar e influenciar os indivíduos que a compõem e quando isso não funciona, as pessoas são prontamente substituídas, já que são vistas como meras peças.
Porém não se deve pensar que todas as organizações trabalham dessa forma. Algumas empresas começam a dar um pouco mais de valor aos seus funcionários. Mesmo que o enfoque no objetivo da empresa ainda esteja presente. A elaboração de planos de carreira, a preocupação com a manutenção da saúde psicológica de seus colaboradores, como são chamados, a elaboração e realização de atividades de lazer, a criação de ambientes de relaxamento, a realização de confraternizações, o oferecimento de atividades de alongamento, entre outras coisas, são exemplos de que já existe a presença da Racionalidade Substantiva nas organizações.

Dessa forma podemos observar que em todas as organizações estão presentes tanto a racionalidade instrumental quanto a subjetiva, sendo que apenas o grau de sua aplicação que varia. Será um erro dar prioridade ao instrumentalismo? Alguns estudiosos apontam que sim, porém só haverá uma resposta em definitivo com o decorrer do tempo e com a evolução nos estudos relacionados à Administração.

2 comentários:

  1. Legal o texto... organizações e pessoas no geral são adeptos ferrenhos dos modelos de racionalidade!!!

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  2. A racionalidade instrumental sem sido cada vez mais deixada de lado pelas empresas e eu considero isso um avanço. Mais que produtividade, a organização deve se interessar pela autorrealização de seus funcionários por que mesmo que sem perceber isso os persuadirão a ter um desempenho melhor e ambas as partes ficam realizadas.

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