Por Matheus Oliveira
As práticas adotadas pelas
organizações, com o intuito de atingir a lucratividade e alavancar a produção,
são inúmeras como, por exemplo, a elaboração, definição e adoção de processos
produtivos padronizados que buscam uma maior eficiência. Mesmo assim, muitas
empresas procuram vender a imagem que são menos verticalizadas e que seus
funcionários participam ativamente das decisões, no entanto sabemos que essa
prática é mais uma tática organizacional, ou seja, não existe preocupação com o
funcionário em si, a busca ainda é pelo atingimento dos objetivos da empresa e
tal participação nas decisões não existe de fato.
Para explicar um pouco do que
acontece no cotidiano das organizações é preciso entender, antes, dois
conceitos básicos que são notados nas práticas organizacionais, trata-se da
Racionalidade Instrumental e Racionalidade Substantiva. Esta é ligada a fatores
importantes para os indivíduos, como por exemplo, a autorrealização, o
julgamento ético, a autonomia, entre outros fatores. Aquela, em linhas gerais,
pode ser definida como todo o conjunto de práticas adotadas pela organização
que focam apenas em produtividade e rentabilidade, representada por uma rígida
hierarquia, pela busca da maximização de recursos da empresa, pelo utilitarismo
e pelo foco no desempenho.
Diante disso, nota-se claramente
que as organizações são sistemas em que há predominância da Racionalidade
Instrumental, o que significa dizer que os gestores, normalmente, estão muito
mais preocupados com os objetivos organizacionais no que diz respeito à busca
por produtividade que acabam deixando em segundo ou terceiro plano a
autorrealização e outros fatores comportamentais de seus funcionários, mesmo
sabendo que as relações humanas são importantes.
O que se tem, em praticamente
todas as áreas da empresa, é um trabalho focado em metas individuais ou
coletivas que estão sempre aliadas com a busca por otimização dos processos e
do tempo, além da redução dos custos. Embora as hierarquias tenham se tornado
menores não significa dizer que tenham se tornado menos burocráticas. As
relações de poder ainda são muito fortes e presentes no ambiente de trabalho,
grupos informais existem como em qualquer outro lugar e as decisões,
contrariando a proposta de Weber, não são tão impessoais como deveriam ser.
A maioria das pessoas não se
sente valorizada e percebe que seus interesses vão, muitas vezes, em
desencontro com os que a organização tem para elas. Além disso, os funcionários
se sentem pressionados a cumprir tarefas rotineiras em um uma quantidade de
tempo irreal, fazendo com que eles, normalmente não suportem tamanha pressão e
venham a desenvolver problemas ocupacionais. Isso é mais uma característica de
empresas que aplicam fortemente a racionalidade instrumental.
Em suma, os fatores humanos têm
sido deixados de lado pelos gestores que ainda continuam com uma visão nos
aspectos estruturais internos da organização. De qualquer forma, não se pode
negar que houve um avanço nesse sentido, se comparado com décadas atrás.
Exemplo disso é a existência de áreas de departamento humano e organizacional,
como o RH. Sabe-se que os indivíduos possuem objetivos e interesses distintos
um dos outros e que para um bom desempenho no emprego, as organizações precisam
levar isso em consideração.
Na busca de atender os diferentes
interesses dos funcionários, as empresas usam fatores motivacionais para
dominar e influenciar os indivíduos que a compõem e quando isso não funciona,
as pessoas são prontamente substituídas, já que são vistas como meras peças.
Porém não se deve pensar que
todas as organizações trabalham dessa forma. Algumas empresas começam a dar um
pouco mais de valor aos seus funcionários. Mesmo que o enfoque no objetivo da
empresa ainda esteja presente. A elaboração de planos de carreira, a
preocupação com a manutenção da saúde psicológica de seus colaboradores, como
são chamados, a elaboração e realização de atividades de lazer, a criação de
ambientes de relaxamento, a realização de confraternizações, o oferecimento de
atividades de alongamento, entre outras coisas, são exemplos de que já existe a
presença da Racionalidade Substantiva nas organizações.
Dessa forma podemos observar que
em todas as organizações estão presentes tanto a racionalidade instrumental
quanto a subjetiva, sendo que apenas o grau de sua aplicação que varia. Será um
erro dar prioridade ao instrumentalismo? Alguns estudiosos apontam que sim,
porém só haverá uma resposta em definitivo com o decorrer do tempo e com a
evolução nos estudos relacionados à Administração.
Legal o texto... organizações e pessoas no geral são adeptos ferrenhos dos modelos de racionalidade!!!
ResponderExcluirA racionalidade instrumental sem sido cada vez mais deixada de lado pelas empresas e eu considero isso um avanço. Mais que produtividade, a organização deve se interessar pela autorrealização de seus funcionários por que mesmo que sem perceber isso os persuadirão a ter um desempenho melhor e ambas as partes ficam realizadas.
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