A Essencialidade da Administração: dos gestores aos doutores
Por Vinícius Araújo
Caros
amigos, seguidores do blog, o grande equivoco que muitas pessoas cometem é
achar que somente as empresas e comércios precisam de administradores. No
entanto, nossas vidas precisam de administração, embora não sejamos experts
nessa ciência social estamos a todo o momento sendo forçados a tomar decisões,
tentando controlar as coisas que nos rodeia, organizando as tarefas que
executaremos, enfim, somos gestores de nossas vidas. Aqui, venho falar-lhes
mais precisamente da gestão hospitalar. Será que os hospitais devem ser geridos
como demais empresas? Quem são esses administradores? Como resolvem os
conflitos?
De
acordo com Amitai Etzioni, grande autor da teoria da burocracia, organizações
burocráticas normativas são aquelas em que a fonte principal de controle dos
participantes dos níveis mais baixos, bem como, a forma de organizar-se com
relação à organização é caracterizada pelo alto nível de envolvimento, e este se
baseia na internalização de normas aceitas como legítimas. Neste tipo de
organização temos a presença dos hospitais.
Percebam
que nas burocracias normativas a forma como as pessoas se envolvem e aceitam as
normas é diferente. Nos hospitais, normalmente os diretores, presidentes,
chefes de enfermarias, chefes de setores são pessoas que não fizeram graduação
em administração, nem muito menos um MBA em Gestão de Pessoas. Quem alcança o
alto escalão dentro dessas organizações tendem a ser os profissionais com
altíssimo conhecimento técnico em medicina, enfermagem e odontologia.
Como
em qualquer outra empresa, nos hospitais também acontecem conflitos. Nas
grandes corporações, os administradores têm dificuldade para solucioná-los.
Agora, imagine você a dificuldade que os médicos, enfermeiros, odontologistas, pessoas
sem muito conhecimento em gestão, deve ter para administrar conflitos e lidar
com pessoas! Assim como, nas “empresas comuns” ou, melhor dizendo, burocracias
utilitárias o stress, choque de conflitos e interesses também existe nas
organizações burocráticas normativas.
Outro
ponto que gostaria de salientar neste texto é o quanto os profissionais da
saúde estão perdendo o lado humanitário das relações. Quem já presenciou uma
troca de turno em um hospital vai entender do que estou falando. O foco não é
nos pacientes, mas sim em seus problemas: “O
leito 52 continua vomitando, teve febre de manhã e o doutor já o examinou hoje!
O leito 65 teve um infarto agora a tarde e recebeu a medicação correta!” Perceba
que é tudo muito corrido, frio e sistemático e pouco importa o nome dos
pacientes, algo lamentável. Os profissionais da saúde convivem com pessoas
diariamente, no entanto não estabelecem relações harmoniosas. Os pacientes são
carentes de algo mais humanitário.
Indo
mais a fundo, percebemos que as relações são fracas não somente entre
enfermeiro e paciente, mas entre os próprios profissionais. Simples intrigas,
desavenças, discordâncias se tornam grandes problemas entre as pessoas dentro dos
hospitais, não que as empresa estejam imunes a isso. Existem áreas que não se
conversam, existe choque de ideologias, existe muito conflito, afinal o hospital
também é uma burocracia. Não obstante, os gestores dos hospitais são doutores,
pessoas de grande renome e reconhecimento por seu trabalho e muitas das vezes
não conseguem resolver os vários problemas que são exigidos de um gestor.
Não
são somente as empresas que precisam de bons administradores. Do que seria um
colégio sem um bom líder no comando? E uma universidade? Burocracias híbridas,
normativas, utilitárias, coercitivas todas essas precisam de administradores.
Nos hospitais, em particular, os doutores que estão nos cargos de chefia
precisam de conhecimento sobre gestão para poder aliar com o grande
conhecimento técnico que possuem. Os enfermeiros, líderes de equipes, precisam
constantemente de capacitação em administração de conflitos, precisam ver as
coisas com um olhar mais humanizado e social, pois provavelmente os ajudará a
vencer a frieza, o desamor que acabam adquirindo com os anos de profissão.
Muitas
das vezes, os erros médicos acontecem pela sobre carga de trabalho a qual esses
profissionais são submetidos. Cuidar da vida de outro é algo muito sério, e
qualquer erro pode ser fatal, assim a pressão sobre enfermeiros, médicos,
técnicos de enfermagem é muito grande, talvez até pior que aquela exercida
sobre os profissionais que mundo corporativo. E nesse ambiente de sobriedade,
impassibilidade e apoquentação “um copo
d’agua se transforma em uma tempestade”, os conflitos são comuns, mas a
gestão é fraca.
Concluindo,
a administração é uma ciência essencial em qualquer tipo de organização,
estrutura ou sistema. As clássicas funções de planejar, organizar, dirigir e
controlar não devem ficar restritas apenas ao mundo corporativo. Ao contrário,
elas devem ser enriquecidas e utilizadas em qualquer tipo de organização
humana, incluindo ONGs, família, hospitais, escolas, prefeituras, estado.
Excelente texto!! A administração esta presente em tudo,seja nas organizações ou até mesmo em nossas próprias vidas.
ResponderExcluirMuito interessante o texto! De fato, estamos cercados pela administração, seja no contexto pessoal ou social. As organizações fazem parte do nosso dia-a-dia. O texto nos faz refletir também sobre a realidade vivenciada na saúde pública Brasileira e verdadeiramente todos os tipos de organizações (ONGs, família, hospitais, escolas, prefeituras, estado, como mencionados no texto) precisam ter noção e treinamentos sobre como administrar.
ResponderExcluirMuito bom o texto! Vinicius explicitou bem a Administração presente nos hospitais,e também percebemos como está presente no dia-a-dia.
ResponderExcluirQue texto massa!! Realmente a administração está presente em tudo.. administrar é viver! rsrs
ResponderExcluirExcelente texto!! Somos administradores o tempo todo em nossas vidas, e nem percebemos! Sobre a questão dos hospitais, sem dúvida a gestão, no Brasil, é fraca, o que é péssimo para a população.
ResponderExcluirOutro texto bem conversado. O mais interessante para mim é revelar outros conceitos de administrador além do banal líder de empresas. O diretor de uma escola é sim um administrador, assim como o presidente (a) de um país ou o dono de um comércio. A reflexão que fica ao meu ver é: como divulgar a ciência administrativa?
ResponderExcluirTexto bem elaborado,somos administradores a todo momento seja estes em momentos profissionais ou particulares. Parabéns grupo.
ResponderExcluirExcelente exemplo, estou me sentindo bem depois de ler esse texto só por fazer Administração kkkk.
ResponderExcluirA questão é que quase todas os cursos superiores deveriam ter matérias relacionadas a gestão, pois está presente em todas as organizações e muitas vezes nos esquecemos disto!
Parabéns pelo texto!